Trinta e oito alunos de escolas municipais de Campinas foram aprovados no Colégio Técnico de Campinas, o Cotuca, da Unicamp, uma das escolas de Ensino Médio mais concorridas da cidade. Outros 77 estudantes estão na lista de espera.
Do total de alunos chamados para fazer a matrícula, seis são da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oziel Alves Pereira, no Parque Oziel, considerada uma das comunidades mais carentes da cidade.
“A aprovação no Cotuca, uma escola reconhecida em termos de capacidade de aprovação e de profissionais qualificados, irá garantir a esses nossos alunos um futuro muito melhor e promissor”, afirmou o secretário de Educação, José Tadeu Jorge.
A rede municipal tem 2.539 alunos matriculados no 9º ano, somando aos 8º e 9º anos, da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Deste total, 425 estudantes se inscreveram para fazer a prova do Cotuca, com isenção da taxa. Os cursos que mais vão receber alunos da rede municipal são: Eletroeletrônica, seguido por Mecatrônica, Informática, Alimentos e Enfermagem.
Há dois anos, a Secretaria Municipal de Educação e o Cotuca fizeram uma parceria para oferecer aos alunos da rede, a isenção da taxa de inscrição que este ano foi de R$ 110,00.
“Temos realizado um programa para estimular nossos alunos a conhecerem e optarem por seguir os estudos nas escolas técnicas. É uma maneira de fazer com que tenham oportunidades de equacionar uma formação mais objetiva e já na busca de uma condição social mais adequada para eles próprios e impactando os seus familiares”, afirmou o secretário de Educação, José Tadeu Jorge.
Durante o ano, dois mil alunos dos 9º anos e EJA visitaram o Cotuca para participarem das oficinas oferecidas pela escola. “Essa é uma ação indispensável para despertar em nossos alunos o desejo de estudarem no Cotuca. As escolas têm um importante papel nesse processo, que é o do convencimento de que os estudantes são capazes de passar no vestibulinho”, explicou a coordenadora do Planejamento Estratégico, Mariana Volpato, que é a responsável por fazer a ponte entre a Secretaria de Educação e as escolas técnicas de Campinas e região.
Vida Nova
Aos 14 anos, o futuro estudante de Eletroeletrônica, Kaio Vinícius Santos Fonseca, já desenhou o seu futuro. “Eu quero ser médico para ajudar as pessoas”, afirmou. Mas enquanto a faculdade não chega, ele, que até então era aluno da Escola Municipal João Alves dos Santos, na Vila Regina, entrará no mundo da Eletroeletrônica.
“Eu escolhi esse curso para ajudar a minha mãe nas coisas de casa”, argumentou ele que, desde pequeno, estou na João Alves. “Eu sempre estudei nessa escola pública e graças às aulas que eu tive, consegui fazer a prova”, comentou.
Os colegas de classe Nathan, Nicolas, Bruno e Jorge, todos com 15 anos e alunos da Emef Padre Domingos Zatti, no Parque Fazendinha, estarão juntos no próximo ano, só que no Cotuca. Eles serão alunos do curso de Mecatrônica. “Essa escola (Zatti) é perfeita para conexões e amizades. Eu vou sentir saudades”, falou Nathan Silva Fernandes Fernandes, que entrou na Emef durante a pandemia, quando se mudou de Minas Gerais para Campinas.
O sentimento de tristeza ao pisar na sala de aula, onde estudaram, pela última vez tomou conta das amigas Isabelly Gomes da Silva, de 14 anos, e Nauanne Rodrigues Campos, de 15 anos. Alunas da Emef Oziel Alves dos Santos, no Parque Oziel, elas estão na lista de espera do curso de Alimentos.
Elas contam que foi por meio da escola que conheceram o Cotuca, uma escola que até então nem sabiam que existia. E quando tiveram conhecimento, o pensamento foi único. “Eu sempre achava que aquela escola era muito para mim. Não imaginava que ia conseguir. Eu estudei na escola e em casa e fiz provas antigas do Cotuca”, contou Nauanne, a estratégia usada para entrar na escola técnica. “Eu acho que vai ser muito bom estudar lá”. ‘’Vai ser ruim deixar esta escola, mas por outro, vou começar novos ciclos e isso é bom”, disse Isabelly.