O curso de Português para Imigrantes e Refugiados, promovido pelo Centro de Educação Profissional “Prefeito Antônio da Costa Santos” (Ceprocamp), vinculado à Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec), em parceria com o Serviço de Referência ao Imigrante, Refugiado e Apátrida, da Secretaria Municipal de Assistência, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, completa um mês com conquistas e avanços significativos.
São 76 matriculados, provenientes de 14 diferentes países.
A grande maioria é oriunda de Cuba (15), República do Haiti (18) e Venezuela (22), mas há alunos do Afeganistão, Bolívia, Colômbia, Gana, Honduras, Inglaterra, Marrocos, Nigéria, Peru, República Árabe do Egito e República Dominicana.
É a primeira vez na história de Campinas que o poder público municipal oferece um curso de Português para Imigrantes e Refugiados dentro da perspectiva de promoção da dignidade, educação inclusiva e cumprimento do direito humano de migração e de assentamento social e cultural.
Iniciado em 24 de julho, com duas turmas (uma na unidade Ceprocamp Centro e outra na Unidade José Alves, no Jardim Satélite Íris), foi lançado como projeto piloto na modalidade Qualificação Profissional e idealizado a partir de necessidades específicas de aprendizado da língua portuguesa pelos estrangeiros que vieram morar em Campinas.
“Desde 2021, os estrangeiros passaram a ser um público bastante importante para o Ceprocamp, já que o número de estrangeiros na escola cresceu 236% de 2021 a 2023”, avalia Andréa Jaconi, gerente dos Programas de Educação Profissional do Ceprocamp.
Andréa enfatiza que aprender a língua portuguesa é muito importante para a inserção adequada no mercado de trabalho e ressalta que no primeiro semestre de 2021 havia 11 estrangeiros na escola. “No primeiro semestre de 2023, esse número pulou para 37 alunos”, revela.
Dignidade e direitos
O curso de 20 semanas é ministrado no período noturno, em ambas as unidades do Ceprocamp, duas vezes por semana, totalizando 8h/aula semanais. O currículo está distribuído em gramática (usos da norma culta), cultura brasileira e redação. “O objetivo principal é promover o aprendizado da língua portuguesa como segunda língua, de forma a permitir a comunicação em situações sociais, cotidianas, culturais e profissionais, para que, assim, o imigrante e o refugiado sintam-se integrados à sociedade e tenham dignidade de direitos”, explica Juliana Morais Belo, professora do curso e uma das idealizadoras do projeto.
De acordo com Juliana, a obtenção de um emprego é um ponto importante para quem procura o curso, mas se sentir parte da sociedade brasileira é fundamental. “Em apenas um mês, já estamos falando praticamente 100% em português na sala de aula e alguns alunos até trazem seus caderninhos para anotar gírias e expressões próprias da língua portuguesa. A professora revela ainda que os objetivos de cada aluno são os mais variados. “Há, por exemplo, um médico afegão, cuja meta é aprender português para obter o revalida e poder exercer sua profissão no Brasil. Digo para eles que nosso curso é uma história de recomeços”.
Sandra Minora Jean, veio da República do Haiti para o Brasil em 2012. Morou em Manaus e está em Campinas há cinco anos. Ela e o marido, Pierre Jacques Gabriel, de 49 anos, trabalham: ela como auxiliar de limpeza e ele, como frentista. Os dois veem o curso de Qualificação Profissional de Português como uma oportunidade para aprimorar o aprendizado da língua, estudar e, futuramente, prestar um concurso público. Em pouco tempo, Sandra já consegue perceber sutilizas da língua portuguesa, próprias de um falante nativo. “Sei que suprimimos o ‘s’ quando falamos, mas que precisamos colocar todas as vezes quando escrevemos”, categoriza.
Estrangeiros na EJA
Atualmente, 24 alunos estrangeiros são atendidos na Educação de Jovens e Adultos (EJA), dentro do Programa Consolidando a Escolaridade, destinado a jovens acima de 15 anos, adultos e idosos que possuem certificação mínima na EJA – Anos Iniciais, pessoas que possuem certificação no Ensino Fundamental Anos Finais ou no Ensino Médio e estão há algum tempo sem frequentar a escola.
O Gestor dos Programas de Educação de Jovens e Adultos (GPEJA), José Batista de Carvalho Filho, explica que algumas peculiaridades do programa. “Não é específico para aprendizagem de português, mas voltado àqueles que desejam resgatar alguns conteúdos de ensino das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática do 1º ao 9º anos do Ensino Fundamental, a fim de superar alguma defasagem no processo de ensino-aprendizagem e dar continuidade aos estudos, ou acessar ao mundo do trabalho.”