Criado em 2022 no Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp), o Serviço de Apoio Escolar (SAE), registrou um aumento de 115% no número de pessoas atendidas, entre alunos e colaboradores, passando de 116 em 2022 para 250 em 2023, em todas as unidades do Ceprocamp. A maior parte (95%) refere-se aos alunos, restando aos funcionários uma pequena parcela (5%).
“O SAE surgiu como possibilidade de escuta acolhedora para toda a comunidade escolar, mas também como forma de garantir a escolaridade efetiva dos alunos que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica cultural e/ou risco social”, explica Sandra Mara Fulco, que coordena o serviço no Ceprocamp.
Segundo Sandra, a garantia do direito à educação, numa escola inclusiva, implica a criação de mecanismos que possam contribuir para a igualdade de condições no acesso, para a permanência dos alunos e para a qualidade do ensino, possibilitando aos educadores intervenções em situações de evasão e abandono.
“O serviço, e seu consequente sucesso, é produto de percepções, olhares e escutas cotidianas na interação com os diferentes atores escolares, do conhecimento da realidade dos alunos, das preocupações e/ou queixas dos professores sobre dificuldades de aprendizagem e de convivência no espaço escolar", aponta a coordenadora.
O objetivo do SAE, acrescenta Sandra, é buscar, por meio de uma escuta atenta, a permanência dos alunos que, por se encontrarem em situação de vulnerabilidade e/ou fragilidade biopsicossocial, têm dificuldades ou prejuízos no percurso escolar.
Redução nos impactos negativos
“Além do crescimento no número de atendidos, observamos também redução de impactos negativos em relação a questões envolvidas com a saúde mental, ansiedade, conflitos, problemas de relacionamento e evasão escolar”, observa Andréa Jaconi, gerente dos Programas de Educação Profissional do Ceprocamp.
Andréa explica que o serviço surgiu das interações com os alunos da escola, do conhecimento das realidades presentes em relatos dos próprios alunos e dos professores, de queixas e encaminhamentos para o serviço de Educação Especial ou Psicologia Escolar, das dificuldades enfrentadas pelos alunos e observadas no cotidiano da escola e da necessidade de se buscar caminhos acolhedores e alternativos, dentro ou fora do contexto escolar.
“Além dos cursos profissionalizantes oferecidos aos alunos, a escola pretende ser uma proposta para a mudança de vida. Assim, o serviço de apoio da Educação Especial, já existente no Ceprocamp, oferecia atendimento especializado a alunos com deficiências e transtorno global no desenvolvimento. No entanto, em alguns casos, alunos encaminhados para este atendimento também necessitavam de uma avaliação em outras áreas. A proposta do SAE representou uma nova possibilidade para a escola e para os alunos, realizando um esforço coletivo com as várias esferas da instituição”, completa a gerente.
Trabalho conjunto
Para que o SAE obtenha o êxito desejado, o Ceprocamp conta, além do olhar atento da equipe pedagógica, com um grupo de estagiários de Psicologia. Desemprego, aspectos ligados à saúde mental, violência doméstica, entre tantas outras vulnerabilidades que podem refletir negativamente no desempenho e na trajetória escolar dos alunos, estão entre os problemas observados pela equipe de apoio.
Os atendimentos são classificados em três níveis: básico (mais objetivos e de menor complexidade - problemas de escolaridade, de relacionamento entre alunos ou professores, insatisfação com o curso ou escola, orientações gerais, questões de acessibilidade), médio (mais específicos, de maior complexidade, que exigem um esforço maior a curto prazo - vulnerabilidade socioeconômica, saúde mental) e avançado (que extrapolam os limites de uma instituição de ensino, casos que requerem intervenções e acompanhamentos médicos contínuos, além do uso contínuo de medicamentos psicotrópicos controlados).